Diabetes Tipo 2 e suas complicações: Entrevista com o Dr. Arnaldo Moura Neto
Dando continuidade ao nosso Especial Diabetes, vamos falar hoje um pouquinho sobre o Diabetes Tipo 2.
O Diabetes tipo 2 é o que está relacionado aos hábitos de vida e à hereditariedade e classicamente acontece na segunda metade da vida. O ganho de peso, a alimentação e o sedentarismo fazem com que o corpo desenvolva uma dificuldade em reagir à insulina – como se a “chave” (insulina) estivesse emperrada e não conseguisse fazer com que as células captem a glicose.
Esta situação é chamada de “Resistência Insulínica” e faz com que seja necessário que o pâncreas produza quantidades cada vez maiores de insulina para manter a taxa de açúcar no sangue dentro dos limites normais.
Com o passar do tempo, o pâncreas vai entrando em falência e surge o Diabetes. Esse é um processo que leva anos para se desenvolver e que ocorre lentamente, por isso que está relacionado aos adultos e idosos que muitas vezes já podem estar apresentando a doença sem perceber (pois no começo, os sintomas são poucos e leves).
O fator hereditário está muito relacionado ao Diabetes tipo 2 e também de outras condições que aumentam o risco de doenças do coração (como o infarto): a obesidade, a hipertensão.
Essas condições andam de mãos dadas e podem e devem ser prevenidas. A hereditariedade é o chamado fator de risco “não modificável”. No entanto, temos fatores modificáveis, como os hábitos de vida: a dieta, a prática de atividade física, a cessação do tabagismo e a diminuição do consumo do álcool podem evitar o desenvolvimento do Diabetes, da Hipertensão e em última análise, das doenças do coração.
Por isso, para falar das complicações e consequências do Diabetes Tipo 2 (DM2), convidei o Dr. Arnaldo Moura Neto, meu colega na disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic e Médico Endocrinologista da Unicamp. O Dr. Arnaldo já apareceu em outra entrevista aqui no blog (clique aqui) e é especialista em DM2!
1) Dr. Arnaldo, o que são as chamadas “complicações” do diabetes?
Dr. Arnaldo Moura Neto: Complicações são as consequências decorrentes de um mau controle do diabetes por muitos anos. Podem acontecer mesmo nos pacientes sem sintomas e normalmente são irreversíveis.
É para evitá-las que todos os médicos orientam os pacientes a manter visitas e exames regulares para checar os níveis de açúcar no sangue, mesmo quando estão se sentindo bem. As principais complicações são perda da visão, perda da função dos rins com necessidade de hemodiálise e amputações e alterações de sensibilidades nos pés e pernas.
Além disso, os pacientes com diabetes mal controlado têm chances maiores de doenças cardiovasculares como infarto e AVC.
É para evitá-las que todos os médicos orientam os pacientes a manter visitas e exames regulares para checar os níveis de açúcar no sangue, mesmo quando estão se sentindo bem. As principais complicações são perda da visão, perda da função dos rins com necessidade de hemodiálise e amputações e alterações de sensibilidades nos pés e pernas.
Além disso, os pacientes com diabetes mal controlado têm chances maiores de doenças cardiovasculares como infarto e AVC.
2) Por que elas acontecem?
Dr. Arnaldo Moura Neto: As complicações são conseqüências relacionadas diretamente ao mau controle das taxas de açúcar no sangue, a chamada glicemia. Se a glicemia permanecer elevada, fora dos alvos ideais, por um período de tempo muito longo, as tais complicações aparecerão.
3) Então é por isso que devemos cuidar bastante das taxas de açúcar! Quais são as taxas ideais de glicose (açúcar) e da chamada Hemoglobina Glicada (usada para avaliar o controle do diabetes)?
Dr. Arnaldo Moura Neto: Exatamente. O ideal é que a glicemia em jejum e antes das refeições esteja entre 70 e 130mg/dl e 2h após as refeições, no máximo 180mg/dl. Isso equivale a uma hemoglobina glicada de 7%.
Porém, esses alvos podem ser modificados de acordo com o perfil do paciente (idade, presença de outras doenças, debilidade, capacidade de auto-cuidado, entre outros).
É importante que tanto o médico quanto o paciente estejam de acordo em quais metas devem ser cumpridas durante o tratamento.
Porém, esses alvos podem ser modificados de acordo com o perfil do paciente (idade, presença de outras doenças, debilidade, capacidade de auto-cuidado, entre outros).
É importante que tanto o médico quanto o paciente estejam de acordo em quais metas devem ser cumpridas durante o tratamento.
4) Que outros exames os pacientes diabéticos devem fazer para detectar precocemente essas complicações?
Dr. Arnaldo Moura Neto: Pelo menos uma vez ao ano é importante realizar exame oftalmológico completo (incluindo o exame da retina – fundo de olho), exame clínico dos pés no consultório e exames de sangue e urina para avaliar a função dos rins.
Um eletrocardiograma na primeira consulta também é recomendado. Outros exames podem ser solicitados dependendo dos sintomas apresentados pelo paciente durante a avaliação médica.
5) Essas complicações acontecem no DM2 e no DM1 também?
Dr. Arnaldo Moura Neto: Sim. As complicações são comuns a todos os tipos de diabetes, sempre que o controle de glicemias esteja fora do ideal.
6) Dr. Arnaldo, muito obrigada pela entrevista, mais uma vez! Para finalizar, gostaria de deixar algum recado para os leitores do blog?
Dr. Arnaldo Moura Neto: Novembro é o mês escolhido pela organização mundial da saúde para prevenção do diabetes. Muitas ações acontecerão em várias cidades do país visando conscientizar a população quanto ao risco desta doença.
Consulte a programação da sua cidade e compareça! Previna-se! O diabetes é uma doença traiçoeira e silenciosa. Procure seu médico e faça exames regularmente. Especialmente se você é sedentário, está acima do peso e tem histórico familiar de diabetes.
Não seja mais uma vítima de uma doença previsível e tratável.
Consulte a programação da sua cidade e compareça! Previna-se! O diabetes é uma doença traiçoeira e silenciosa. Procure seu médico e faça exames regularmente. Especialmente se você é sedentário, está acima do peso e tem histórico familiar de diabetes.
Não seja mais uma vítima de uma doença previsível e tratável.
Mais uma vez muito obrigada pela participação, Dr. Arnaldo!
Continuem ligados que amanhã tem mais!
Um forte abraço a todos!