ENTREVISTA com a Sexóloga Priscila Junqueira: Especial Dia dos Namorados!
Hoje é dia dos namorados e, independente do estado civil, esta data nos remete a relacionamentos; resgata sentimentos, memórias, alegrias ou mesmo frustrações…
Somos seres humanos e precisamos nos relacionar para vivermos em sociedade. Mas e quando essas relações nos trazem sofrimento? Ou mesmo quando a falta delas nos deixa com um vazio, uma solidão?
Isso interfere diretamente na nossa saúde, não só psicológica como física também.
Somos seres humanos e precisamos nos relacionar para vivermos em sociedade. Mas e quando essas relações nos trazem sofrimento? Ou mesmo quando a falta delas nos deixa com um vazio, uma solidão?
Isso interfere diretamente na nossa saúde, não só psicológica como física também.
Dentro de um relacionamento amoroso, a intimidade sexual é uma das
esferas mais importantes e a saúde sexual está inclusive ligada à longevidade (1). Dentre os fatores mais
importantes que englobam a saúde sexual estão a saúde física global, o desejo
sexual (libido) e a saúde psicológica.
esferas mais importantes e a saúde sexual está inclusive ligada à longevidade (1). Dentre os fatores mais
importantes que englobam a saúde sexual estão a saúde física global, o desejo
sexual (libido) e a saúde psicológica.
Tanto em homens quanto em mulheres, a incidência de disfunções sexuais
vai aumentando com a idade. Existem outros fatores de risco relacionados à
saúde sexual, entre eles (2):
vai aumentando com a idade. Existem outros fatores de risco relacionados à
saúde sexual, entre eles (2):
· Presença de doenças metabólicas/cardiovasculares , como Diabetes Mellitus, Hipertensão
arterial, Dislipidemia (aumento de colesterol) – estes são um dos fatores mais
importantes para a saúde sexual; a presença de disfunção erétil no homem é um
marcador independente de risco cardiovascular, conforme já comentei
anteriormente (3).
arterial, Dislipidemia (aumento de colesterol) – estes são um dos fatores mais
importantes para a saúde sexual; a presença de disfunção erétil no homem é um
marcador independente de risco cardiovascular, conforme já comentei
anteriormente (3).
· Presença de doenças clínicas, como doença hepática crônica, doença
renal crônica, asma e enfisema pulmonar, desnutrição, entre outras.
renal crônica, asma e enfisema pulmonar, desnutrição, entre outras.
· Presença de doenças ginecológicas ou urológicas (infecções, doenças da próstata, etc.)
· Doenças endócrinas, como a deficiência de hormônios sexuais
(menopausa, andropausa), doenças da tireoide (tanto o hipotireoidismo quanto o
hipertireoidismo), aumento da prolactina, síndrome de cushing, excesso de GH
(hormônio de crescimento) etc…
(menopausa, andropausa), doenças da tireoide (tanto o hipotireoidismo quanto o
hipertireoidismo), aumento da prolactina, síndrome de cushing, excesso de GH
(hormônio de crescimento) etc…
· Transtornos mentais, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico,
entre outros.
entre outros.
· Uso de medicamentos, como diuréticos, antialérgicos, antidepressivos, anticonvulsivantes, medicamentos para enjôo, etc.
· Fatores psicossociais e culturais.
A avaliação correta da disfunção sexual deve ser feita por um médico,
seja ele clínico geral / ginecologista
ou especialista, para descartar todas essas possibilidades clínicas. No
entanto, na maioria dos estudos, as queixas de disfunções sexuais, após
avaliadas, tem como sua principal causa os fatores psicológicos, sociais e
culturais e a abordagem de pessoas com disfunções sexuais não pode deixar de
conter também a avaliação psicológica (2,4,5).
seja ele clínico geral / ginecologista
ou especialista, para descartar todas essas possibilidades clínicas. No
entanto, na maioria dos estudos, as queixas de disfunções sexuais, após
avaliadas, tem como sua principal causa os fatores psicológicos, sociais e
culturais e a abordagem de pessoas com disfunções sexuais não pode deixar de
conter também a avaliação psicológica (2,4,5).
Tive a oportunidade de conhecer a Priscila Junqueira, Psicóloga e
Mestre, com especialização em Sexologia Humana (CRP 68.250/06). Tivemos um bate papo super legal sobre
sexualidade e saúde global e compartilho um pouquinho da nossa conversa com
vocês.
1) Você comentou no início da nossa conversa que a Sexualidade não é só relacionada ao ato sexual. Em que outras esferas da nossa vida a sexualidade se faz presente?
Priscila: Na verdade a Sexualidade se faz presente em todas as esferas da nossa vida. A sexualidade, segundo a O.M.S. – Organização Mundial de Saúde – É “um aspecto central do ser humano ao longo da vida que engloba o sexo, identidade de gênero e funções, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução”.
Não se trata somente do ato sexual em si, mas das expressões de pensamentos, desejos, fantasias, atitudes, valores, comportamentos, papéis sexuais e relacionamentos que se vivenciam do nascimento até a morte.
2) As diferenças Culturais afetam a sexualidade?
Priscila: Com certeza. Inclusive são temas bastante discutidos ultimamente com grupo de pesquisa no Brasil. Temos um grupo o CUS (Grupo de Pesquisa em Cultura e Sexualidade), na Bahia onde várias pesquisas na área já foram publicadas. De acordo com uma cultura podemos pensar e agir de forma preconceituosa ou não. Os discursos culturais vão influenciar todo o desenvolvimento da sexualidade.
Precisamos sempre estar atentos aos códigos sociais e culturais que operam no processo saúde-doença, inclusive visando a prática continua de políticas públicas.
3) E a relação entre Religião e sexualidade? Como essa relação pode impactar na vida do indivíduo?
Priscila: Temos aqui dois grandes “tabus” que podem impactar a vida de qualquer ser humano. A relação entre religião e sexualidade é algo bastante antigo e atual ao mesmo tempo. Por mais que hoje, as pessoas já tenham se libertado de rígidas concepções religiosas que prejudiquem o desenvolvimento de sua sexualidade, ainda recebemos pacientes em consultório com disfunções sexuais por conta de educação religiosa baseada em princípios bastante rígidos.
Podemos ter uma mulher com dispareunia (dores no ato sexual) ou vaginismo (contratura da musculatura vaginal) que não consegue ter uma penetração saudável com seu parceiro, pois recebeu uma educação religiosa de que a mulher não pode transar livremente com seu companheiro quando tiver desejo.
4) Autoestima e sexualidade estão intimamente relacionadas… A gente imagina que uma baixa autoestima pode afetar negativamente a libido… O oposto também é verdadeiro? Disfunções sexuais afetam a autoestima? Como é essa relação?
Priscila: Afetam sim e o oposto é verdadeiro. Uma das primeiras coisas que faço quando recebo uma pessoa no consultório e tentar entender um pouco que perfil de personalidade aquela pessoa tem. A partir dai começamos nosso trabalho. As pessoas que estão com disfunções sexuais, são muitas vezes inseguras, baixa autoestima, retraídas, já passaram por vários relacionamentos que trouxeram sofrimento.
Depois da psicoterapia você vai percebendo a queda nos sintomas de disfunções sexuais, pois essa pessoa já se conhece melhor e como consequência está com autoestima mais alta, relacionamento mais estável e socializando-se melhor.
5) Hoje é dia dos namorados, uma data muito festejada pelo comércio. Como ficam os Solteiros neste dia? Qual o impacto dessa massificação do dia dos namorados na mídia sobre a sexualidade e autoestima dos solteiros? Qual a relação entre Solidão e sexualidade? (essa pergunta ficou meio aberta, se quiser mudar a pergunta sem problemas!)
Priscila: Para alguns solteiros que não estão satisfeitos com sua condição é ruim, pois traz a tona relacionamentos anteriores frustrados; a autoestima que falamos anteriormente acaba sendo afetada de forma negativa, alguns até chegam a apresentar sintomas depressivos, de uma forma geral acabam questionando sua sexualidade por não terem uma parceria fixa. Esse questionamento leva a isolamento e muitas vezes solidão.
Mas, é importante dizermos que alguns solteiros escolheram essa condição e estão felizes assim.
6) E pra finalizar, algum recadinho ou dica pros leitores do blog?
Priscila: Acredito que independente de estar com uma parceria fixa ou não, primeiramente precisamos nos conhecer. Saber nossos limites, descobrir nossos verdadeiros desejos e entender o que nos faz feliz realmente. Se estiver sem uma parceria no dia de hoje, namore você mesmo, se curta e tente refletir o que quer transformar em você.
Caso precise de ajuda para fazer isso, procure um profissional da área de sexualidade humana que poderá o quanto antes, te ajudar a restabelecer e ressignificar sua saúde sexual.
Muito obrigada, Priscila!!!
Quem quiser conhecer melhor o trabalho da Pri, acesse o site dela: priscilajunqueira.com . Ela também está no Facebook e no Instagram (@priscila_junqueira)!
Espero que tenham gostado da entrevista!
Tenham todos (solteiros, casados ou namorados) um excelente dia, com muito amor!!!
Para quem quiser saber mais sobre o assunto, alguns links interessantes:
Para quem quiser saber mais sobre o assunto, alguns links interessantes:
- Impotência sexual, pela Sociedade Brasileira de Urologia
- Saúde sexual feminina, pela Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia
- 10 fatos sobre disfunção erétil, pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Bibliografia:
1. DeRogatis LR, Burnett AL. The
Epidemiology of Sexual Dysfunctions. J Sex Med. 2008 Feb 1;5(2):289–300.
Epidemiology of Sexual Dysfunctions. J Sex Med. 2008 Feb 1;5(2):289–300.
2. Lewis RW, Fugl-Meyer KS, Bosch R,
Fugl-Meyer AR, Laumann EO, Lizza E, et al. Epidemiology/Risk Factors of Sexual
Dysfunction. J Sex Med. 2004 Jul 1;1(1):35–9.
Fugl-Meyer AR, Laumann EO, Lizza E, et al. Epidemiology/Risk Factors of Sexual
Dysfunction. J Sex Med. 2004 Jul 1;1(1):35–9.
3. Jackson G, Boon N, Eardley I, Kirby
M, Dean J, Hackett G, et al. Erectile dysfunction and coronary artery disease
prediction: evidence-based guidance and consensus. Int J Clin Pract. 2010 Jun
1;64(7):848–57.
M, Dean J, Hackett G, et al. Erectile dysfunction and coronary artery disease
prediction: evidence-based guidance and consensus. Int J Clin Pract. 2010 Jun
1;64(7):848–57.
4.
Hayes RD, Dennerstein L, Bennett CM,
Sidat M, Gurrin LC, Fairley CK. Risk Factors for Female Sexual Dysfunction in
the General Population: Exploring Factors Associated with Low Sexual Function
and Sexual Distress. J Sex Med. 2008 Jul
1;5(7):1681–93.
Hayes RD, Dennerstein L, Bennett CM,
Sidat M, Gurrin LC, Fairley CK. Risk Factors for Female Sexual Dysfunction in
the General Population: Exploring Factors Associated with Low Sexual Function
and Sexual Distress. J Sex Med. 2008 Jul
1;5(7):1681–93.
5. Lara LA da S, Silva ACJ de
SR e, Romão APMS, Junqueira FRR. The assessment and
management of female sexual dysfunction. Rev Bras Ginecol E
Obstetrícia. 2008 Jun;30(6):312–21.
Anônimo
12/06/2016 @ 23:54
Muito boa a entrevista. Sexualidade faz parte da nossa vida e é muito bom aprofundar e tirar dúvidas sobre esse tema. Faça outras entrevistas com a sexóloga! Bjs M
Anônimo
12/06/2016 @ 23:55
Muito boa a entrevista. Sexualidade faz parte da nossa vida e é muito bom aprofundar e tirar dúvidas sobre esse tema. Faça outras entrevistas com a sexóloga! Bjs M
Evy
14/04/2020 @ 19:48
OLá. Seus conteúdos são sempre muito relevantes para nós. Sempre buscamos informações aqui para agregar valor ao nosso trabalho. Obrigado.
drajulianagabriel
14/04/2020 @ 20:04
Obrigada Evy!