O conceito “vegano” fora do universo da alimentação: Entrevista com a Carol Traga, da BARAUMA (e algumas considerações livres)
Sou filha de uma professora de Geografia e cresci ouvindo papos sobre sustentabilidade, consciência ecológica, exploração de mão de obra, essas coisas. Quando ouvimos falar deste tema, a gente se anima de fazer as mudanças no nosso dia-a-dia, mas o tempo passa e a animação vai passando e de repente a gente se pega jogando um papel de bala no chão ou colocando a latinha de metal no mesmo lixo da comida. Não é assim?
Comigo não foi diferente. Eu sempre me achei “politicamente correta” neste sentido porque separo meu lixo, guardo as pilhas e baterias usadas para entregar em postos de coleta, compartilho vídeos sobre a questão do lixo e da exploração do planeta… Até que um dia, fui posta à prova.
Quando morei na Alemanha (em 2014) por conta do meu Doutorado, aprendi muito com o estilo de vida deles. Eles são muito mais conscientes do que nós em relação ao desperdício de recursos como a água, separação do lixo, respeito com o consumidor, etc (fiz um post sobre isso no meu outro blog).
Um dia, voltando das compras em uma loja de departamento, comentei toda feliz com minhas colegas alemãs que eu tinha ido à tal loja e comprado várias “pechinchas”, várias peças a preço de banana. Uma delas olhou pra mim e disse, no melhor estilo (direto e reto) alemão: “Eu conheço essa loja. Realmente é bem barato, mas eu não gosto de comprar lá pois a maioria das roupas vem de países onde não se pratica o ‘fair trade‘ e eu não posso contribuir para a exploração de mão de obra.”. Imaginem a minha cara…
Neste momento tive a “epifania”. Ser um cidadão consciente vai muito além de separar o lixo ou fechar a torneira do chuveiro enquanto se ensaboa. É ter atitudes conscientes o tempo todo e, sempre que possível, fazer a nossa parte para contribuir: seja na nossa vida doméstica, seja nas escolhas que fazemos enquanto consumidores e, principalmente, no nosso trabalho.
Desde então, passei a prestar mais atenção à etiqueta das roupas e a procedência dos alimentos. Passei a valorizar o orçamento dos serviços de autônomos (e não “pechinchar” tanto o preço da mão de obra, afinal quem vende serviços precisa cobrar pelos serviços – e aí se incluem também os profissionais da saúde!); dar prioridade a produtos produzidos no Brasil, por brasileiros que, assim como eu, estão vivendo uma crise econômica e precisam de emprego.
Passei a buscar feiras onde os produtores vendem direto ao consumidor final, bypassando os conglomerados. Produtores estes que muitas vezes produzem de forma orgânica e sustentável mas por isso não conseguem competir com o preço do “importado”.
Fonte da imagem: http://environmentallteam.blogspot.com.br/p/comercio-justo.html |
Mas não é assim tão fácil. Primeiro porque o preço da concorrência internacional é muitas vezes impraticável. E segundo, mesmo que se tente buscar o fair trade, nem sempre isso é claro nas prateleiras, principalmente em relação aos alimentos; e em caso de roupas e acessórios, muitas vezes compramos (inclusive nas lojas de grife) e só depois que percebemos uma etiquetinha bem pequena com letrinhas minúsculas dizendo “made in China” ou “made in Indonesia”… Quem me garante que os trabalhadores desses países foram respeitados e tem uma vida digna? E o pior: o preço é sim mais barato, mas às vezes a diferença não é tão grande assim. Quanto vale uma vida?
Em meio a essa busca, outro dia percebi que minha bolsa térmica onde levo minhas marmitas já não estava mais tão “térmica” e eu precisava de uma nova. Busquei pela internet e encontrei meio que por acaso a marca Barauma. De cara me chamou atenção o fato dos produtos serem “veganos” e serem 100% produzidos no BR.
Comprei a bolsa térmica, amei a qualidade e o conceito de “cara de Brasil” com a estampa super colorida e tropical. Amei mais ainda quando junto com ela veio um cartãozinho com umas balinhas e no e-mail de confirmação de entrega, um recadinho de alguém do outro lado perguntando se o produto tinha chegado certinho e se eu tinha gostado. Era a Carolina Traga.
Que surpresa maravilhosa!!!
Na “cara de pau”, respondi pra ela explicando do meu blog e de todos esses pensamentos e dúvidas; perguntei se ela toparia ser entrevistada por mim. E ela topou!
Ela me contou que a marca foi criada numa incubadora de empresas e desde 2009 saiu do papel e está em plena atividade. O conceito de uma marca vegana para acessórios leva em conta vários aspectos: não utiliza matéria prima de origem animal ou de derivados do petróleo. As tinturas são naturais para não poluir o ambiente ou afetar a saúde dos funcionários; os cortes nos tecidos são pensados para minimizar o desperdício e/ou reaproveitar os retalhos; os direitos trabalhistas são respeitados e a tentativa é vender diretamente para o consumidor final, de forma que o preço do produto não se torne inviável para as vendas… São tantos os detalhes que provavelmente eu devo ter esquecido um monte deles!
A Carolina cuida pessoalmente não só do design, mas também da matéria prima: ela prioriza produtos sustentáveis e, na linha de produção, busca parceiros que geralmente são pequenas empresas familiares que tem qualidade, mas muitas vezes não tem profissionalização. Existe um grupo chamado ECOTECE que faz a ponte entre esses pequenos produtores e os designers independentes, ajudando os pequenos produtores a se profissionalizar e aos novos designers a ter um local confiável para a produçaõ de suas criações. Assim, ambos os lados são ajudados e de quebra, o planeta também!
Quando faço entrevistas, sempre peço para terminar com uma dica ou um recadinho para os leitores do blog. Carol decidiu presentear a gente com um cupom de desconto, para quem quiser conhecer a marca e testar a bolsa térmica que é mara!
Lembrando que esse NÃO é um publi-post. Depois desse primeiro contato, a Carolina agora faz parte da rede de empreendedorismo feminino Mulheres que Decidem, da qual também faço parte. E na rede, nós ajudamos umas às outras a empreender e crescer! E eu realmente acredito na filosofia da Barauma, por isso decidi compartilhar a história da Carol para servir de inspiração para todos nós, não só nos nossos negócios, mas principalmente no nosso dia-a-dia!
Um forte abraço a todos!!!
Barauma
06/06/2016 @ 21:34
Adorei bater esse papo! Adorei ouvir um pouco da vasta experiência clínica e de vida da Dra Juliana! E amei esse blog riquíssimo de informação e vivência. Compartilhar conhecimento é lindo Dra Juliana! Continue fazendo esse trabalho.
Anônimo
08/06/2016 @ 01:02
Muito bom o texto! Estamos na Semana Mundial do Meio Ambiente e ele se encaixou perfeitamente. Adorei conhecer a Barauma e desejo que cresça bastante junto com a consciência e o respeito ao mundo em que vivemos. Bjsss M