O que será que está faltando para você finalmente conquistar o que deseja?
Em tempos de “boom” de posts motivacionais e de “alta performance”, estamos o tempo todo lendo que precisamos ter nossas metas claras, pedir e visualizar o que desejamos, fazer listas e murais… não é mesmo?
Mas tem uma coisa que pouca gente fala e que faz TODA a diferença quando estamos buscando uma realização: a CONGRUÊNCIA.
Somos seres congruentes por natureza
E isso não tem nenhuma relação com religião ou misticismo. Nosso cérebro é programado para a congruência e se por algum motivo desviamos dela, inconscientemente somos programados para retornar. Logo o cérebro ajusta nossos comportamentos para que voltemos ao “modo padrão” (default).
Um grande exemplo disso é tentar emagrecer. Você pode até fazer uma dieta radical, mas nosso cérebro é programado por padrão para consumir alimentos de alta densidade calórica – uma programação que foi feita “de fábrica”, desde que éramos homens das cavernas e precisávamos acumular bastante estoque (gordura) para suportar os longos períodos de jejum. Com isso, pouco tempo depois de entrar na dieta, acabamos escorregando, “caindo em tentação” (pois nossa mente inconsciente arruma um jeito de fazer a gente voltar para o default). Mas isso é papo para um outro post. O que eu quero conversar com vocês agora é…
Como a congruência com o modo padrão interfere nos meus resultados?
Vou dar alguns exemplos.
Exemplo 1: Você quer reconhecimento profissional.
Você pede para o universo que as pessoas te valorizem pelo seu trabalho. Para que seu chefe te reconheça e te dê um aumento (ou, no caso dos profissionais liberais, para que seus clientes paguem seu serviço).
Porém, na sua vida, no seu dia-a-dia, você pede desconto em tudo quanto é serviço; diz que não vale a pena pagar o arquiteto, que vai fazer a decoração você mesmo. Diz que não precisa de nutricionista, pois pegou uma dieta da internet. Diz que não precisa de personal trainer pois vai fazer o mesmo treino do seu amigo. Acha um absurdo o médico atender só particular e marca “qualquer um” que tiver o seu convênio.
Seu comportamento está mostrando qual é o seu default: não valorizar o trabalho do outro. Com isso, sua postura, seu comportamento (consciente ou inconsciente) irá ser congruente com o seu “padrão” e você dificilmente vai ter o reconhecimento que deseja.
Que tal, para ter reconhecimento profissional, começar reconhecendo o trabalho do outro?
Exemplo 2: Você quer prosperar no seu negócio, mas vive sem dinheiro, tendo que baixar preços para vender.
Mas você adora uma amostra grátis. Você é aquele que pega todas as amostras de cosmético da loja (mas não usa nenhuma, ficam todas na gaveta, vencem e você acaba jogando fora). Você é aquele que só dá valor a um produto ou serviço se tiver algum “bônus”. Alguma coisa grátis, algum desconto especial.
Seu comportamento mostra o seu “default”: não dar valor ao dinheiro alheio.
Não se iluda: não existe amostra grátis. Quando uma empresa ou um profissional te dá alguma coisa, tem sempre alguém pagando a conta. A “amostra grátis”, o “bônus” e o “desconto”, são formas de uma empresa divulgar o seu produto ou serviço para que você possa conhecer de forma mais próxima e se tornar um consumidor consciente do que está comprando. Fazer um uso inteligente e honesto desses presentes é demostrar respeito pelo dinheiro, pelo trabalho e pela empresa do outro.
Não vou mentir pra vocês: eu sempre fui “a louca da amostra grátis“.
Até o dia que abri minha empresa e descobri o preço alto que é dar um acesso vip para um dos meus cursos. Até perceber que algumas pessoas faziam um uso super respeitoso desse vip, ajudando na divulgação, gravando depoimentos depois do curso (essas pessoas me ensinaram a lição de uma forma muito positiva!), enquanto outras saiam de lá sem nem dizer um “obrigada” e o pior, sem comentar com mais ninguém que haviam participado.
Sim, esse é um preço que se paga quando damos “amostra grátis” e depois que eu aprendi isso, passei a olhar para as amostras da mesma forma que vejo o meu padrão de consumo: com consciência.
Hoje eu só aceito uma amostra de um produto que eu realmente estou querendo testar para comprar. Hoje, quando eu ganho um convite para algum evento ou curso, faço questão de divulgar nas minhas redes sociais e contar para as pessoas – em agradecimento a quem me convidou. E venho percebendo que quanto mais faço isso, mais “vips do bem” tenho recebido em meus projetos.
Então, se você quer lucrar na sua empresa ou negócio, não seja aquele que dá prejuízo para a empresa alheia.
Exemplo 3: Você quer que sua agenda seja mais organizada.
Você já leu milhões de livros de produtividade, baixou aplicativos e vive quebrando a cabeça para conseguir cumprir com a sua agenda e pediu ao universo para que consiga ter uma rotina de alta performance.
Porém, você é aquele que marca o dentista e não vai (sem avisar), afinal “minha reunião atrasou, não é culpa minha”. Você agenda compromissos em sequência e vive chegando atrasado, “mas é culpa desse trânsito infernal”. Você programa uma viagem ou programa com a sua família e desmarca para fazer coisas do trabalho, pois “não deu tempo de fazer durante a semana”.
Seu comportamento mostra qual o seu modo “default”: não valorizar o tempo do outro.
Acho que se você continuou lendo esse texto até agora, já deve ter entendido o conceito:
…para que seu tempo tenha valor, comece valorizando o tempo do outro. Dessa forma, você estará mostrando ao seu cérebro qual é o default que você ESCOLHE ter.
Antes de continuarmos, queria fazer aqui um adendo: tudo bem se você não se identificou exatamente com os exemplos citados. Exemplos são apenas isso: exemplos. O importante é o CONCEITO. Então, deixe seu sabotador interno de lado, respire fundo e olhe para a sua vida hoje: você tem, verdadeiramente, dado aquilo que pede?
Se não, continua aqui comigo.
Podemos mudar o nosso default?
SIM, PODEMOS.
Já entendemos que para termos alguma coisa em nossas vidas, essa “coisa” tem que estar CONGRUENTE com nossos valores e comportamentos. Tem que estar alinhada COM QUEM SOMOS.
Porém, sabemos que mudar um sistema de crenças, um conjunto de valores e hábitos que norteiam as nossas vidas, pode dar um certo trabalho. Não é da noite para o dia. Não é um passe de mágica: é consistência. Sim, criar consciência disso é o primeiro passo e esse primeiro passo é realmente mágico. Mas o trabalho duro vem depois.
Então, minha dica é: observe seus comportamentos. Veja se estão alinhados com aquilo que você mais deseja. Faça um verdadeiro diagnóstico das incongruências que você tem praticado em sua vida. E, dia após dia, todos os dias, tome uma pequena atitude para mudar isso. UM PASSO POR VEZ.
Com o tempo, cada passo dado irá te levar para onde você mais deseja. E ainda tem um bônus:
Quanto mais congruente estivermos em nossas vidas, menor nosso nível de estresse, maior nossa sensação de satisfação e pertencimento e, consequentemente, melhor a nossa saúde!
Desejo a vocês uma boa jornada – quem sabe nos encontramos pelo caminho?
Um grande abraço a todos!
[Texto original publicado no Linkedin Pulse em Junho de 2019]