Qual o principal fator que determina o destaque profissional?
Quando falamos sobre vida profissional e gestão de carreira, qual será o fator que mais causa impacto?
Recentemente fui convidada para uma palestra sobre gestão de carreira médica num programa de residência de outra instituição e, enquanto montava a apresentação, tive uma reflexão que gostaria de compartilhar com vocês.
Como Médica e Docente de Graduação em Medicina, sempre achei que o que faria diferença na minha carreira seria a titulação acadêmica tradicional e a experiência profissional. Sempre fui ensinada a isso.
Há cerca de três ou quatro anos, ministrei a aula inaugural da Liga Acadêmica de Endocrinologia, da Faculdade São Leopoldo Mandic – onde sou Docente. Nesta aula, conversei com os alunos de graduação basicamente sobre o panorama do mercado de trabalho médico atual, formas de remuneração e estratégias básicas de aumento de vencimentos.
Na época, vi um certo olhar de frustração em meus alunos… Imagino que não só em Medicina, mas em todas as áreas, alunos ingressam na graduação cheio de sonhos e expectativas e ao longo do curso e do contato com os professores, tais sonhos vão sendo achatados e terminamos todos num grande rolo compressor que forma profissionais tecnicamente qualificados sim, mas basicamente iguais, seguindo um modelo.
Isso aconteceu comigo. E estava começando a acontecer com eles.
Eu havia feito tudo o que era esperado de um profissional da área: Graduação, Especialização, Mestrado e Doutorado. Tinha alcançado o patamar mais alto de tudo o que sonhei para a minha carreira. E não estava feliz.
Me permiti então buscar novos horizontes. Passei por um processo de Coaching que mudou a minha forma de pensar. Não era mais “o sistema” o grande culpado pela falta de opções para o Médico. Era eu.
Me abri para outras possibilidades. Ganhei coragem para construir a médica e a professora que sempre quis ser. Fiz diversos cursos em outras áreas (entre eles, business, marketing digital, formação em coaching, análise de perfil comportamental e até um curso de criatividade). Durante essa jornada, ganhei olhares tortos e muitas críticas de pessoas dizendo que eu deveria estar usando meu tempo para estudar Medicina e não “essas coisas que não se encaixam no seu trabalho”.
Será mesmo que não se encaixam?
Quando terminei de montar minha apresentação, por curiosidade fui olhar a aula de três anos atrás – quanta diferença! Nessa diferença eu vi uma jornada. Uma grande evolução. Me vi sair de uma profissional que “seguia o fluxo” (uma profissional que “leu a cartilha” de A a Z mas que estava infeliz) e me tornar a profissional que eu sempre quis ser.
E nessa construção, o que foi mais importante?
Não deixar de fora NADA.
O que faz um profissional se destacar no mercado – seja ele um médico ou um advogado, administrador, designer ou engenheiro – é SER QUEM ELE É. É acolher tudo o que há dentro dele. É honrar cada passo de sua história. É abrir o leque de possibilidades e juntar todo que você ama fazer numa coisa só.
Aquele curso de teatro que você fez na adolescência, aquela viagem de intercâmbio, o seu hobby de cozinhar, sua facilidade de fazer contas de cabeça… Todas essas características que são só suas e que aparentemente não se encaixam no seu trabalho formal ou, indo ainda mais longe, tudo aquilo que talvez você tenha considerado uma fraqueza por “não se encaixar” no modelo formal de ensino ou de trabalho podem ser justamente o seu grande fator de diferenciação.
E mais ainda: pode ser o grande fator que vai te ajudar a ser feliz fazendo o que você faz.
Pois pra mim isso que é uma verdadeira carreira de destaque: aquela que te faz feliz todos os dias!
Um grande abraço a todos!
[Artigo original publicado no Linkedin Pulse em Fevereiro de 2019]