Uma reflexão sobre “passabilidade” e a construção de um mundo melhor
Queria começar os vídeos de 2021 trazendo a tona uma reflexão que tomou conta de todo o final do meu 2020. A “passibilidade”.
No ano passado, tive a oportunidade de acompanhar mais de um paciente trans que me trouxe esse tipo de queixa. A cada relato, meu coração ia se enchendo de pesar e eu senti que deveria trazer essa reflexão também aqui pra vocês.
Pelo que meus pacientes me explicaram, a “passabilidade” é o quanto uma pessoa trans (ou travesti etc) consegue “passar” pelo convívio das pessoas sem gerar reações de violência e intolerância. É o quanto essa pessoa é “aceita” pelo meio.
Ela é uma espécie de “escudo protetor” que muitas pessoas trans se submetem – seja não se apresentando como verdadeiramente são, seja buscando uma transição “perfeita”, onde passem a ter características do que se considera “ideal” para aquele gênero.
Imagina alguém deixar de fazer um tratamento médico por medo de morrer linchado? Imagina alguém se submeter a tratamentos caríssimos e com riscos à saúde, apenas para apresentar uma imagem “aceitável” para a sociedade?
Isso não é um problema “das pessoas trans”. Esse problema é NOSSO. É nosso dever construir uma sociedade que acolha as diferenças. Que aceite as pessoas como são. Que entenda que nós, HUMANOS, temos diferentes formas, tamanhos e cores – e tudo bem. Que a gente não precisa ser “tudo igual”.
No vídeo de hoje eu trago um pouco dessa minha inquietude – pois acredito que nenhuma pessoa, trans ou não, deveria ter que passar por isso. Nenhum ser humano deveria buscar “passabilidade”.
E compartilho essa reflexão com vocês – para que, JUNTOS, a gente consiga construir uma sociedade e um mundo verdadeiramente inclusivos. Vem comigo?