7 Hormônios que você NÃO deveria dosar de rotina
Em um mundo onde a automedicação e a busca por soluções rápidas para problemas de saúde se tornaram comuns, é crucial entender os riscos associados à dosagem de certos hormônios sem uma indicação médica clara.
Vamos explorar sete hormônios frequentemente dosados de forma inadequada. Continue a leitura e confira a seguir!
1. Hormônio Testosterona em mulheres:
A dosagem de testosterona em mulheres, muitas vezes realizada para tratar sintomas como baixa energia e libido, pode ser desnecessária e até arriscada pois pode levar a uma falsa impressão de “deficiência” quando na verdade a metodologia laboratorial foi desenhada para detectar excesso e não falta.
Isso significa que o exame foi feito para investigar níveis altos e perde a acurácia com níveis baixos. Ou seja, se sua testosterona estiver baixa, pode significar apenas uma limitação da tecnologia e não doença.
2. Estriol:
Este hormônio estrogênico é, na verdade, um produto da metabolização do estradiol produzido pelo nosso próprio corpo e não indica doença. Raramente requer dosagem de rotina e seu uso deve ser feito apenas em situações muito pontuais, no diagnóstico de condições mais raras, sempre baseado em uma avaliação médica detalhada, não em sintomas gerais ou suposições.
3. Pregnenolona:
Como precursor hormonal, a pregnenolona tem um papel complexo no corpo, e sua dosagem rotineira não é recomendada sem uma justificativa médica específica. Ela pode ser usada no diagnóstico de uma condição genética chamada hiperplasia adrenal congênita, mas não para investigar sintomas inespecíficos como cansaço ou falta de memória.
4 e 5. Hormônios T3 e T3 Reverso:
Também não é indicado a dosagem de rotina de T3 ou T3 reverso, apenas em condições especificas – como defeitos enzimáticos congênitos ou a chamada “síndrome do eutireoidiano doente”.
Esta condição, associada a doenças agudas graves, causa alteração no metabolismo desses hormônios que é reversível após o controle da doença de base, ou seja, não indica necessidade de tratamento com T3.
Em resumo, a interpretação inadequada dos níveis de T3 (triiodotironina) e T3 reverso pode levar a tratamentos desnecessários ou até prejudiciais para a tireoide.
6. GH (Hormônios do Crescimento):
O uso de GH para melhorar o desempenho atlético ou combater o envelhecimento tem aumentado nos últimos tempos, mas essa prática traz riscos significativos para a saúde.
Muito desse uso estético é pautado na dosagem de GH basal teoricamente “baixa”. Acontece que a produção natural de GH é pulsátil e varia ao longo do dia, portanto, uma dosagem baixa não significa doença e nem mesmo indica tratamento.
O diagnóstico de deficiência de GH requer vários testes de estímulo e deve ser feito por um médico especialista, após avaliação clínica completa.
7. Cortisol Basal:
A dosagem do cortisol, um hormônio do estresse, pode ser enganosa se feita isoladamente e sem uma compreensão adequada de seu funcionamento no organismo.
Assim como o GH, a produção de cortisol varia ao longo do dia e tem vários interferentes – até mesmo o estresse da coleta de sangue (como acontece com muitas pessoas que tem medo de agulha).
O diagnóstico de alterações do cortisol (como a síndrome de Cushing – excesso de cortisol – ou a doença de Addison – falta de cortisol) não é simples. Ele é feito a partir de uma história médica completa e testes de estímulo específicos, que muitas vezes precisam ser repetidos para confirmação. Portanto, a dosagem de cortisol basal não tem valor diagnóstico e não deve ser utilizada para diagnosticar condições que não existem, como a tal “fadiga adrenal”.
Conclusão
É vital evitar a automedicação e a solicitação de exames hormonais sem a necessidade comprovada por um profissional de saúde. Os riscos à saúde e os custos desnecessários associados a dosagem e ao uso indevido desses hormônios são significativos.
Justamente por isso, diversas sociedades de especialidade no mundo se uniram para criar posicionamentos oficiais que combatem esse tipo de prática (como o da referência abaixo).
Sempre discuta com seu médico sobre qualquer uso “moderno” ou “tendência” de hormônios e busque tratamentos baseados em evidências científicas.