“Disruptores endócrinos” (endocrine disruptors): fuja deles!
Muito se tem falado nos últimos congressos de Endocrinologia e também nas publicações acadêmicas sobre os efeitos dos DISRUPTORES ENDÓCRINOS no organismo. Estes são substâncias presentes nos agrotóxicos/pesticidas (Phtalatos) e em químicos utilizados na indústria, como TOLUENOS e BPA (Bisfenol A), aos quais somos expostos muitas vezes sem saber.
Esta descoberta serviu de alarme e, depois disso, muito se tem pesquisado sobre o impacto ambiental de certas substâncias não apenas na natureza mas também na nossa saúde. O excesso de químicos no meio ambiente, além dos conhecidos efeitos sobre órgãos como fígado e cérebro, podem atrapalhar o funcionamento de glândulas endócrinas como tireóide, ovário (ciclo menstrual) e testículo (fertilidade) e estão ligadas ao surgimento do câncer.
Para se ter uma idéia do impacto, um grupo de pesquisadores da Dinamarca percebeu que o número de gestações assistidas (como por exemplo a inseminação artificial e a necessidade de outros procedimentos de fertilização) estava aumentando ao longo das décadas. E o número de bebês nascidos com testículo não descido (criptorquidia) e com o canal da uretra aberto (hipospádia) estava aumentando. Eles fizeram vários estudos para tentar entender o porquê desta tendência. Um deles foi a análise do banco de dados de um laboratório durante vários anos… Descobriram que o número médio total de espermatozóides de um homem saudável estava caindo ano após ano e, consequentemente, a necessidade de fertilização artificial estava aumentando. Também perceberam que o número de casos de câncer de testículo estava subindo. E o começo dessas mudanças coincide com a industrialização do país e a exposição a certos agentes químicos semelhantes ao hormônio feminino (estrógenos), chamados DISRUPTORES ENDÓCRINOS (Skakkebaek NE et al, 2001).
Se em adultos temos tantas consequências para a saúde, em crianças e gestantes, este impacto é ainda maior. Por isso, em 2012, uma iniciativa do WHO (World Health Organization), a organização mundial da saúde, levou à publicação de um consenso sobre o impacto destas substâncias na saúde e medidas que deveriam ser feitas para minimizar este impacto.
Para nos protegermos desta exposição, podemos adotar medidas simples, como por exemplo:
- Prefira alimentos orgânicos (produzidos sem agrotóxicos);
- Fuja de corantes e conservantes principalmente nos alimentos, mas também em produtos de higiene e beleza;
- Tente criar o hábito de observar a embalagem de produtos de higiene pessoal e recipientes plásticos, onde se pode ver se os mesmos são produzidos sem TOLUENOS, PARABENOS, Di-butil Ftalato e BPA.
- Jamais aqueça alimentos em recipientes plásticos!!! Ao ser aquecido, o plástico libera as substâncias químicas e contamina o alimento…
- Caso você seja mulher e utilize uma pílula anticoncepcional cujo componente seja o ETINILESTRADIOL (estrógeno que não é metabolizado pelo corpo e sai intacto pela urina, indo para o meio ambiente) – tente mudar para uma que contenha o ESTRADIOL ou 17-beta ESTRADIOL (que são metabolizados e não se acumulam no ambiente) (Reis-Filho et al, 2006);
- Cuidado com o descarte de medicamentos vencidos ou não utilizados (fiz um post aqui no blog sobre isso – clique aqui)
- Regule seu carro para que o mesmo não elmine gases em excesso e não polua o ambiente;
- Estimule o consumo consciente e a produção sustentável de bens de consumo e alimentos – compre de quem é consciente!
- Faça pressão sobre a indústria – boicote os produtos que nos fazem mal!
- E, se você é cientista no Brasil, por favor, não desista: continue trabalhando para soluções economicamente e ecologicamente sustentáveis!
Alguns exemplos de produtos livres de Disruptores Endócrinos |
Anônimo
18/05/2016 @ 16:59
Muito bons os esclarecimentos! Um alerta para todos nós para observarmos alimentos e tudo o que consumimos. Adorei! Bjs M
Anônimo
18/05/2016 @ 17:01
E o vídeo é excelente! Recomendo também. Bjs M