Diversidade alimentar brasileira
No post da semana passada, pedi a vocês que me respondessem qual era o prato típico da sua família… então coletei algumas respostas para montar o post de hoje. A idéia era fazer um post sobre o “tempero de família” e fazer uma conexão com a nossa cultura alimentar.
No entanto, conforme fui escrevendo a resposta, vi que nosso país tem uma grande diversidade de influências na culinária. Resolvi começar a pesquisar as origens dos nossos “pratos de família” e percebi que na verdade a comida brasileira é uma “comida do mundo adicionada de um tempero especial”, só nosso, que traz um charme diferente.
Assim como nosso povo, nossa culinária é linda, misturada, miscigenada e diversa! Foi muito legal fazer a pesquisa para esse post, então espero que você também curta o resultado. Vamos lá!
Arroz com feijão:
“De fácil produção e preparo, o feijão já era consumido no Brasil pelos índios com pouco caldo e geralmente misturado a farinha, pimenta e carne.
Já o arroz que conhecemos, do tipo Oryza-sativa, é originário da Ásia e foi trazido pelos portugueses.
Antes disso, existia outro tipo, chamado milho-d’água, mas que era praticamente ignorado pelos brasileiros.
Como até o século 18 não era permitido beneficiar o arroz oriental (processo que envolve lavagem e descascamento), ele era “papado”.
“Só em 1766 foi estabelecida uma beneficiadora no Rio de Janeiro, com a permissão do governo português, o que fez com que o arroz ficasse mais soltinho”, afirma Ricardo Antonio Barbosa, professor de História da Gastronomia do Senac-SP.
E quem teve a ideia de misturar os dois? Ninguém sabe. Uma das hipóteses levantadas pelo pesquisador brasileiro Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), em seu livro História da Alimentação no Brasil, é a de que o arroz com feijão começou a ser consumido em 1808 com a chegada de dom João 6º, que introduziu o arroz no rancho dos soldados.”
Almôndega
“O nome almôndega é de origem árabe.
Os árabes chamavam de búndiqa as avelãs e tudo o que tivesse a forma arredondada. Al-búndiga era a bolinha.
Até hoje, nos países norte-africanos e no sul da Itália, muitas almôndegas são feitas no tamanho de bolinhas de gude.
Quando os árabes invadiram o sul da Europa, o nome foi transformado em almôndega em Portugal e albóndiga na Espanha.
No Brasil, as almôndegas introduzidas pelos portugueses se popularizaram realmente com a imigração italiana.
Nos países hispânicos, ela foi introduzida pelos espanhóis e mantêm, em geral, as características originais.”
Fonte: https://www.oimparcialmontealto.com.br/artigos/a-origem-da-almondega/
Feijão de corda
“O feijão-de-corda veio da África e chegou ao Brasil no porão das caravelas.
O grão de origem africana foi trazido pelos colonizadores portugueses e espanhóis.
Desembarcado na Bahia, foi ganhando o nordeste e o norte do Brasil.
Este tipo de feijão constitui a base alimentar de muitas populações rurais devido ao seu elevado valor nutritivo a nível proteico e energético e à sua fácil adaptação a solos de baixa fertilidade e com períodos de seca prolongada.”
Fonte: o globo e wikipedia
Bacalhau a portuguesa
“Uma curiosidade muito interessante em relação ao consumo de bacalhau é que o peixe não é encontrado nos mares de Portugal e redondezas, sendo pescado em águas profundas e geladas da Noruega e ao norte do Canadá.
Acredita-se que o ingrediente começou a ficar popular entre os portugueses devido a descoberta da Terra Nova, atualmente Canadá. As grandes viagens marítimas, pelas quais Portugal se orgulha, seriam então as responsáveis pela vastidão de matéria-prima.
E qual seria o jeito de transportar um peixe, que tem seu processo de decomposição acelerado devido a escassez de equipamentos apropriados de armazenamento?
A resposta está em um processo herdado dos vikings, que já consumiam a iguaria. Ao secá-los ao ar livre até que endurecessem, os peixes perderiam boa parte do seu peso.
Mais tarde, os bascos inaugurariam o processo de salga que aumentava a duração do produto. Lá pelos anos 1000, o bacalhau já era encontrado curado, salgado e seco, como conhecemos hoje.
O bacalhau já foi durante muitos anos um produto popular da mesa de todo mundo, mas com a escassez de alimentos devido a Segunda Guerra Mundial, o preço aumentou e o tornou um produto para ocasiões especiais.”
Charuto árabe
“Existem controvérsias sobre a origem do Charuto de Repolho.
O prato pode ter sido criado na Europa Oriental ou no Oriente Médio, mas chegou ao Brasil através da imigração árabe.
Em árabe, a palavra yabrak significa folha. Esse mesmo nome também é usado para se referir ao charuto feito de folhas de uva, normalmente recheado com arroz e carne.
Eles são muito consumidos em todo o mediterrâneo, da Grécia ao Egito, passando pela Turquia e Síria. Em cada uma dessas regiões, diferentes nomes são usados para o mesmo prato.
Em árabe, geralmente são chamadas de maḥshī waraq ‘inab (folhas de uva recheadas).
Cada lugar tem uma maneira de temperar e preparar os charutos. Há quem cozinhe em caldo, no forno, com água salgada, com limão, com hortelã, com aparas de carne, uvas-passa, nozes, castanhas entre outros.
A verdade é que é uma preparação razoavelmente trabalhosa, mas não exige nenhum ingrediente fora do comum para nós e tampouco um domínio gastronômico.
Esse é o tipo de prato que você pode comer quente ou frio e também se precisar requentar, acredite se quiser, ele fica ainda mais gostoso, o sabor fica bem mais apurado.”
Fonte: oba gastronomia
Moqueca
“A moqueca, muqueca ou poqueca (do quimbundo mu’keka: ‘caldeirada de peixe’ ou do tupi opokeka: ‘fazer embrulho’) é um cozido, geralmente de peixe, típico da culinária brasileira e da culinária angolana.
Para alguns estudiosos da gastronomia brasileira, a origem da moqueca brasileira remontaria à peixada trazida pelos portugueses, à qual os africanos teriam acrescentado ingredientes da sua tradição culinária.
Contudo, é importante lembrar que os indígenas tinham, no peixe, um alimento de extrema importância, assim como a farinha de mandioca. Tal associação – peixe e farinha – conservou-se na combinação da moqueca com o pirão.
Segundo Alves Filho e Giovanni, durante muitos anos, ficou adormecida, nas gavetas de um arquivo europeu, uma carta do padre Luís de Grã, datada de 1554, que é provavelmente o primeiro documento a se referir ao moquém (‘carne assada ou seca em uma grelha de varas, uma técnica de preparação indígena) e à carne moqueada.
O padre Fernão de Cardim escreveu, em 1584: “Eles nos deram a cear de sua pobreza peixinhos de moquém, isto é, assados, batatas, cará, mangará e outras frutas da terra…”.
Já o padre Monteiro, em carta escrita quase um século depois, em 1610, foi ainda mais longe, dando livre curso ao seu entusiasmo pela dieta indígena: “A carne de moquém, garante, se vai assando com tal têmpera, que leva vantagem a toda invenção do assado, na limpeza, na ternura e sabor”.
De toda forma, existe uma tendência, do século XVIII em diante, em ligar essas moqueadas às carnes de peixe. “Moquém” era, simplesmente, o assado envolto em folha e feito sobre a brasa ou sob a brasa. “Moquém”, em língua tupi, significa algo como “secador” para tostar a carne.
Na técnica tradicional indígena, o costume era assar a carne (ou cozê-la em seu próprio suco).
Conforme testemunho do naturalista alemão do século XVII George Marcgrave, os índios, envolviam, com folhas de árvores ou ervas, e cobriam com cinza quente os peixes que iriam comer. Essa maneira branda de assar ou cozer a carne em seu próprio suco se manteve.”
Fonte: Wikipedia
Galinhada
“Criada solta ao redor das casas no interior do Brasil afora, desde sempre a galinha faz parte do cardápio doméstico, na refeição da semana, nas festas e nos famosos almoços de domingo.
Típico prato caipira, popular e apreciado em diversas regiões sertanejas, a galinhada é um legado dos bandeirantes de origem portuguesa e, curiosamente, também é considerado um santo remédio para curar a bebedeira.
Conta-se que um hábito bastante comum, principalmente no interior, é se reunirem na sexta-feira santa para escolher um galinheiro, roubar galinhas e preparar a galinhada, que deve ser consumida durante a madrugada de aleluia. Muitas vezes, inclusive, o dono do galinheiro é convidado para o banquete galináceo.
Outro hábito comum, principalmente no interior de Pernambuco, é servir pratos elaborados com galinha para as visitas religiosas e pastorais, no meio rural. Daí vem a expressão: “come mais galinha do que padre”, pois, no final da jornada, o bom pregador acaba almoçando duas ou três vezes para agradar a todos os fiéis.
Seja qual for a região da galinhada, esse prato tem um valor simbólico – uma comidinha de boas-vindas e acolhimento, que aquece a alma e encanta paladares.”
Fonte: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2017/04/de-uma-galinha-faz-se-uma-galinhada/
Como vocês podem ver, nossa culinária tem muitas influências e é um retrato não só da nossa história mas também do nosso povo.
Espero que você tenha se divertido ao ler tanto quanto eu me diverti ao pesquisar e escrever!
E tem mais uma coisa… como vocês sabem, eu sou vegana e ao ver nossos pratos típicos decidi me inspirar e fazer a versão “veg” deles, para aqueles que buscam fazer a transição mas empacam no quesito “comida afetiva”. Esse post vai ao ar semana que vem, não percam!
Um grande abraço a todos!
Lena
22/08/2020 @ 10:16
Adorei saber a origem dos pratos mais consumidos em diversas famílias. Parabéns pela pesquisa! Aprendi e me diverti também. Bjs Lena
drajulianagabriel
24/08/2020 @ 09:51
Obrigada, Lena!