Economia feminina: uma conversa com minhas segui-migas do instagram e ao vivo com a Economista Inaiá Bonelli
Na semana passada, tivemos uma conversa muito linda pelos “stories” do Instagram, que começou com a questão da nossa “falta de liberdade” por sermos obrigadas a nos encaixar numa imagem (e comportamentos) padrão.
O comentário de um dos meus segui-migos(*) sobre a questão da depilação feminina incitou uma continuidade nessa conversa, onde muitas de vocês me contaram que apesar de depilarem, não o fariam se pudessem escolher.
(*) não gosto muito do termo “seguidores” pois isso pode trazer uma conotação de separação ou hierarquia, o que não é o propósito aqui. Então decidi a usar o apelido “segui-migos” – que no fim é o que vocês são
Falamos sobre o custo que isso nos trás: tanto do ponto de vista emocional quanto do ponto de vista mais prático mesmo – de tempo e de DINHEIRO. E aí trouxe pra vocês o conceito do #PinkTax, a chamada “taxa rosa”. A taxa “invisível” que faz com que produtos “rosa” (feitos para mulheres) sejam mais caros que produtos “azuis” (feitos para homem), ainda que os produtos sejam absolutamente semelhantes (só mudando a cor).
E então eu pedi a vocês para me contar o quanto vocês gastavam por mês em “coisas de mulher” (e um pouco dessas respostas está aí – veja abaixo). E então fizemos a conta do quanto esse gasto, ainda que aparentemente pequeno, pode ser grande quando colocamos em perspectiva de 10 anos.
Continuando o assunto sobre o “preço” (financeiro mesmo) que pagamos só por sermos mulheres, usei a média do gasto mensal que vocês me contaram pelos stories para lançar a pergunta: o que você faria com o dinheiro que sobraria caso você não precisasse gastar com coisas de mulher?
O valor médio que calculamos foi de R$12.000 em 10 anos. (!)
E TODAS as deusas que me responderam colocaram sonhos relacionados a viajar, viver experiências, investir, se aprimorar. Nenhum – NENHUMA – colocou nada relacionado à beleza.
Ser bonita não é um desejo “inato” da mulher. É na verdade uma “tarefa” que somos obrigadas a executar. Mulher não quer ser bonita (afinal já somos!). Mulher quer ser é feliz!
Essa conta nos faz refletir o quanto que muitas de nós deixamos de investir em nossos sonhos para nos encaixarmos nesse padrão injusto que inventaram para a imagem feminina. No quanto gastamos mais que eles – muitas vezes sem perceber – e ainda ficamos com a fama de que “não sabemos administrar nosso dinheiro”.
E o quanto isso pode ser o que vai fazer diferença lá na frente entre a gente conseguir ter liberdade financeira ou não, terminar uma faculdade ou não, comprar a casa própria, trocar de carro, fazer um curso, uma especialização, uma viagem…
depois dessa conversa que tive com vocês, fiquei pensando no quanto a gente gasta mais que os homens sem perceber por causa da #PinkTax, por causa dessa “necessidade” criada de ter uma imagem tal que não pode ser alcançada sem investimento… sem falar que em média ganhamos menos que os homens… e por causa disso, nosso dinheiro nunca sobra e ainda ouvimos o tempo inteiro frases como:
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“Mulher não sabe mexer com dinheiro”
“Mulher é descontrolada pra gastar”
“Mulher é tudo consumista”
“Mulher só gasta com coisa supérflua”
“Mulher não sabe investir”
Entre tantas outras.
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E perguntei a vocês se vocês também passavam por isso e a maioria disse que sim!
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Por isso, decidi convidar uma grande amiga, a Inaiá Bonelli (Instagram: @inaiabonelli), que é economista, para batermos um papo sobre todos esses assuntos relacionados à economia feminina.
No seu instagram, Inaiá escreveu:
“Essa semana participei de uma live com a @dra.julianagabriel para falarmos de economia feminina.
O diálogo é sempre importante, fazê-lo com uma médica reforça como a saúde financeira está atrelado à saúde física (e emocional), pois quando desbalanceada, pode refletir em aumento de pressão, alterações nos níveis de estresse, desregular sono, alterar humor, capacidade de julgamento, afetar relacionamentos etc.
Falar de economia feminina parte de tabus históricos e crenças pessoais, muitas limitantes, como “dinheiro é sujo”, “não sei lidar com dinheiro” , “homem provedor x mulher consumista”, porém é necessário refletir para desconstruir tais crenças, até pq temos uma realidade onde mais de 70% das mulheres brasileiras são “chefes de família” (dados PNAD 2017), ou seja, provedoras da casa.
Falar de economia tem relação com entender relações de interesse, de poder, de dominação. Falar de autonomia financeira de mulheres, tem a ver com liberdade, com possibilidade de desvencilhar-se de relacionamentos abusivos, de viver.
Temos também uma construção social, pautada em interesses de manutenção do poder masculino e do lucro capitalista, que nos faz, mulheres, desejosas de uma adequação a um padrão *inatingível*, estimulando o consumo atrás dessa aceitação que nunca virá. (Leiam O Mito da Beleza).
Entender os mecanismos de opressão e controle, nos guia no sentido de nos apoderarmos das nossas necessidades reais, numa tentativa de empregar nossa energia vital em um fluxo de libertação e abundância. De união com outras mulheres atrás do consumo consciente, fazendo a energia do dinheiro circular dentro desse círculo, que empodera e liberta. De valorizar o trabalho de outras mulheres, aplaudir suas conquistas e entender que quando uma sobe, abre o caminho para várias outras.”
Espero que gostem da conversa!
Um grande abraço a todes!
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