[Considerações Livres] O que aprendi na Trilha do Telégrafo (Alcançando Metas Desafiadoras)
Na última semana estive de férias no Rio de Janeiro, minha cidade natal. (Talvez pelo clima de férias, me permiti escrever duas colunas seguidas de “considerações livres”). Enfim, em um dos dias, meu irmão me convidou para fazer a trilha da Pedra do Telégrafo (no bairro Guaratiba, no Rio) e foi uma decisão de último minuto. Como adoro belas paisagens e amo ser turista na minha própria cidade, nem pensei duas vezes.
No entanto, tive uma grande dificuldade para fazer a trilha. Dificuldade física mesmo, a ponto de ter quase desistido faltando poucos metros para chegar ao topo. Foi uma experiência interessante: esbarrar no meu limite físico, ver o psicológico esmorecendo, ainda que a meta fosse algo que me daria muita satisfação e alegria. Ao longo da experiência, algumas “fichas” foram caindo e compartilho minhas impressões aqui com vocês.
Acredito que essas impressões valem não apenas para aqueles que desejam fazer uma trilha no Rio de Janeiro, mas para qualquer pessoa que está em busca de uma meta desafiadora (seja ela de saúde física, de trabalho, financeira ou mesmo pessoal). Então vamos lá:
1) Ter conseguido antes não significa que você vai sempre conseguir ter resultados iguais pois uma experiência jamais será igual a outra.
Eu não sou uma “trilheira” frequente; na verdade, minha primeira trilha eu fiz nas últimas férias (em dezembro de 2016 – a trilha da Pedra Bonita, também no RJ). Nesta primeira experiência, tive sim alguma dificuldade para subir. Porém, as condições eram outras: o percurso era diferente, o clima estava menos seco, eu estava com melhor condicionamento físico, enfim, era um outro cenário.
Ainda assim, o fato de eu ter conseguido da primeira vez me fez prestar menos atenção no preparo e eu acabei tendo tanta dificuldade que quase não consegui chegar. Eu ignorei o potencial de dificuldades por já ter passado por elas uma vez – e acabei me “lascando”.
O aprendizado que fica é que não podemos nos acomodar diante das vitórias passadas pois cada desafio traz com ele novas surpresas e experiências. É como dizem as aeromoças: “ouçam as instruções de segurança, mesmo que você seja um passageiro frequente”.
2) Se a meta é muito desafiadora, talvez valha a pena você levar um tempo maior se preparando. Porém, se é uma oportunidade rara que você não quer deixar passar, certifique-se que você tenha o dobro de recursos do que uma outra pessoa que já está adaptada ao desafio.
Como eu mencionei, meu condicionamento físico hoje está bem pior do que há 6 meses atrás. Diferentemente do meu irmão, que teve pouca dificuldade ao subir. Com isso, sabendo da minha capacidade (do meu estado atual) eu deveria ter me preparado antes, por exemplo, fazendo caminhada e corrida alguns dias antes da subida ou ao menos ter buscado mais recursos (levado água, comida, um tênis mais adequado) antes de encarar o desafio. Infelizmente eu não fiz nem uma coisa nem outra e corri um grande risco de não ter conseguido chegar lá.
3) Peça conselhos a quem já é experiente. Mas não deixe de conversar também com quem está no mesmo nível que você.
Como meu irmão já tinha feito esta trilha (e tem um condicionamento físico melhor do que o meu), ele planejou os recursos de acordo com o que para ELE seria suficiente. É claro que sem ele, eu não teria conseguido (ele já conhecia o caminho, sabia a melhor hora pra subir, etc). Porém, recursos que para ele foram suficientes para mim não foram.
Talvez, se eu tivesse conversado com alguém “no meu nível” antes de subir, veria essas diferentes necessidades e teria “me armado melhor”… e, consequentemente, sofrido menos na subida.
4) Se o desafio é intenso demais, procure encará-lo ao lado de pessoas que te botam pra cima (na medida certa).
Meu irmão percebeu logo de início a minha dificuldade física. E ele soube modular com muito amor os momentos de me motivar (vamos, falta pouco, “respira pelo nariz”!) com os momentos de me deixar descansar e tomar um ar. E isso fez TODA a diferença.
Se eu estivesse ao lado de alguém super competitivo (que não respeitasse o meu ritmo) ou pouco empático (“nossa, não acredito que você tá cansada!”), eu teria desistido e descido no meio. O contágio social faz muita diferença em qualquer situação, mas tem peso especial quando estamos em situações extremas.
5) Quando estiver prestes a desistir, lembre-se do porque você começou. E ao chegar lá, permita-se celebrar a conquista!
Visualizar a paisagem que estava prestes a se descortinar na minha frente me ajudou a não desistir. E ao chegar lá… 300 fotos pra comemorar!
6) Depois de alcançar esta meta, ajude outras pessoas assim como você foi ajudado. Perpetuemos a corrente do bem!
Quando começamos a descida, passamos por um casal onde a moça estava com ‘a mesma cara’ que eu devia estar quando quase cheguei a desistir. Falamos para eles que faltava pouco, que valia a pena, que dar uma pausa de 5 minutos para respirar não tinha problema… Enfim, fiz por ela o mesmo que o meu irmão fez por mim. Espero que ela tenha conseguido!
7) Aproveite o trajeto.
Na volta, na descida da trilha, comecei a perceber a beleza do trajeto. E me dei conta que, durante a subida, estava tão concentrada no meu esforço e na minha dificuldade que realmente não consegui enxergar nada da trilha. Isso acontece muito quando estamos estressados, nos sentindo sobrecarregados, imersos pelos problemas. Muitas vezes estamos passando por um lindo trajeto, uma linda fase da vida e nem paramos para olhar…
E nos dar essa oportunidade depende apenas de nós.
Temos sim que ter nossa meta em vista, temos sim que nos impulsionar sempre para frente… Mas sem perder o olhar pra beleza do trajeto!
A vida é linda, é curta e não pode ser desperdiçada com o foco apenas nas dificuldades. Sempre haverá beleza, se tivermos olhos para ver.
“Sempre haverá beleza, se tivermos olhos para ver“.
Espero que tenham gostado do post!
Boa sorte com as suas metas!
Um forte abraço a todos e uma ótima semana!
P.s.: Dedico esse post ao meu amado irmão, meu melhor amigo e companheiro de aventuras!
2017-07-18 @ 14:10:11
Adorei o post! E também a associação com várias situações em nossa vida, dificuldades de diferentes graus que devemos passar, ultrapassar e levar delas sempre o melhor. Bjs M