Medicina raiz x Tecnologia

A pandemia e o isolamento social nos mostraram a importância da tecnologia no nosso dia-a-dia e o quanto a internet trouxe possibilidade para que pudéssemos dar continuidade as nossas atividades com menos impacto possível.

A autorização temporária pelo CFM para a prática de telemedicina durante a quarentena me fez refletir muito sobre uma questão super importante… o contato humano numa consulta médica.

Confesso a vocês que eu sou do tipo que gosta de pegar pela mão. Nunca vou esquecer quando, ainda na faculdade, meu preceptor da emergência indicou o livro “O Físico” (de Noah Gordon)*, que mostra a história de um médico do século XI e que me trouxe uma visão romântica da medicina – aquela medicina de “raiz”, que é feita no olho no olho. Essa visão me marcou tanto que me acompanhou por toda minha carreira profissional.

Como exercer esse tipo de medicina se eu não posso encostar nos meus pacientes?

Eu demorei um pouco a aceitar a idéia de aderir as consultas online… mas não dá pra negar o futuro (no caso, o presente) e não dá pra simplesmente ignorar a tecnologia que temos a nossa disposição.

A tecnologia é apenas uma ferramenta. E, como toda ferramenta, o que faz ela ser boa ou ruim é o uso que fazemos dela.

Então o caminho que encontrei foi buscar o caminho do meio e usar a tecnologia de forma inteligente, a favor dos pacientes. Dá sim pra ser humano e olhar no olho, mesmo através da tela. Dá pra ter também clareza e consciência que esse é um recurso que não vale para todo mundo (tem casos em que é sim necessário examinar).

Em resumo, dá pra continuar sendo “raiz” e ainda sim usar a tecnologia a nosso favor!

E você, o que pensa sobre isso? Conta pra mim aqui nos comentários!

(*) Esse livro é o primeiro de uma trilogia. O segundo livro, Xamã, conta a história de um médico, descendente daquele do primeiro livro, que vive nos EUA na época da guerra de secessão. Ele tem contato com a medicina dos índios nativos americanos. O terceiro, chamado “A escolha de Dra. Cole”, conta a história de uma médica, a primeira descendente dessa mesma família, nos tempos atuais e nessa relação com a tecnologia. Para quem é médico ou aluno de medicina (ou para os amantes da história da medicina), esses três livros são imperdíveis!