Luto, quarentena e isolamento
No livro “Mais forte do que nunca”, a autora Brené Brown dedica um capítulo para abordar o sentimento do LUTO e como lidar com ele. Ela destaca que vivemos numa sociedade que “nega” o luto e isso é exemplificado pela nossa tendência a falar “não fica assim” sempre que vemos alguém triste.
Sentir tristeza por uma perda é uma reação absolutamente normal. Negar isso pode trazer mais sofrimento do que a própria tristeza em si.
Podemos experimentar diversos tipos de luto, não apenas o luto clássico por perder alguém querido. Sentimos luto quando experimentamos a sensação de “perda de normalidade, perda do que poderia ser e a perda do que acreditávamos saber ou compreender sobre algo ou alguém”.
Quando li esse trecho do livro, fiquei imaginando que esse pode ser um dos motivos do impacto devastador que a quarentena e o isolamento social estão tendo em muitos de nós. Isso porque nós perdemos a normalidade e estamos tentando construir um “novo normal”. Nós perdemos aquilo que poderia ser (quantos eventos, casamentos, shows, viagens e até contratações de emprego foram cancelados por conta da pandemia?).
E aquilo que acreditamos ser verdade muda a cada edição do jornal da TV. Realmente, fica difícil não experimentar a sensação de luto. Luto pela vida que tínhamos. Luto por saber que o mundo não mais será o mesmo depois de tudo isso. E é claro, o luto por pessoas queridas que adoeceram ou faleceram por conta da doença (a vocês, meus mais sinceros sentimentos) e também o luto que sentimos por ver aqueles números de morte aumentando todos os dias no noticiário, mesmo que esses números ainda não incluam alguém próximo a nós.
Uma das coisas que a autora sugere para lidar com o luto é primeiramente aceitar que ele está ali. Falar sobre ele. Abrir o coração. Seja para um profissional, um amigo ou mesmo um diário. Não negar esse sentimento, mas sim aceita-lo como parte da experiência humana nessa terra.
Que a gente possa encontrar no “através” o caminho para fora de tudo isso. Um grande abraço a todos.
